terça-feira, 17 de março de 2009

Do Gógol e do camarão-tigre na chapa

Não há nada melhor do que a Avenida Névski, pelo menos em Petersburgo; ela é tudo para esta cidade. Não há esplendor que não brilhe nesta artéria, beldade da nossa capital! Sei que nenhum dos habitantes pálidos e funcionários públicos trocará a Avenida Névski por todos os bens do mundo. A Avenida Névski arrebata não só quem tenha vinte e cinco anos, excelente bigode e sobrecasaca espantosamente talhada, mas também todo aquele a quem já cresçam no queixo pêlos brancos e tenha um crânio liso como uma bandeja de prata. E as senhoras! Oh, e às senhoras a Avenida Névski agrada ainda mais. De resto, a quem não agradará ela?
Começa assim o conto Avenida Névski, de Nikolai Gógol, publicado em 1834. É um belíssimo conto, com descrições muito curiosas da vida russa do início do século XIX. Essa é, aliás, uma das mais interessantes características de Gógol, que se notam em outros contos. Por isso, é com muito agrado que vejo estar em cena O Inspector Geral, pelo Teatro A Barraca, até ao próximo dia 31 de Maio.

Claro que esta boa nova não deve ter sido recebida com o mesmo entusiasmo por toda a gente. É apenas natural.

Se quiserem mais informações, o melhor é dirigirem-se aqui. É que os cartazes do espectáculo são aqueles que estão atrás dos cartazes do MMS. É apenas natural, também, já que no seu Manifesto Mérito e Sociedade a cultura referenciada é a cultura da responsabilidade, do mérito, da subsídio-dependência, cívica, ambiental... Apesar de reconhecer que «Portugal é um país de inúmeras riquezas [...] culturais», e que essa realidade é importante para o turismo, admitamos que isto ajuda pouco.

Em relação ao camarão tigre, continuo a gostar deles na chapa.

2 comentários:

Diogo Vasconcelos disse...

eu soube de um maluco q dps de matar uma velha e uma rapariga andou a deambular por lá. se fosse a ti evitava.
qt à cultura ser importante p o turismo tou mt de acordo, alias ate podiam começar a fazer as peças em alemão e por uns tradutores p a maralha cá do burgo (se houvesse subsidio claro).

Nota: desculpai o automatismo queirosiano a desproposito sim? sp às ordens

Anónimo disse...

oh sim estás muito acima de toda a gente por te interessares por uma peça de teatro de valor duvidoso escrita em russo por um tipo também ele de valor duvidoso.