Na Festa do Avante! não se vêem comunistas desiludidos ou frustrados. Nem tão pouco delirantemente esperançosos. A verdade é que se sente a consciência de que as coisas, por muito más que estejam, poderiam estar piores. Se não fossem os comunistas: eles.Foi Miguel Esteves Cardoso quem escreveu isto, em 2007, sobre a Festa do Avante!. Mas o conteúdo fundamental aplica-se à realidade dos resultados eleitorais. No fim do ciclo deste ano, em que se destaca a subida de votos nas Europeias, a subida de votos e de eleitos nas Legislativas, e uma manutenção de posições, ainda que marcadas pela diminuição do número de votos e de eleitos (embora haja muitas realidades diferentes por esse país fora), nas Autárquicas, importa relembrar que resistir é já vencer. Claro que estes resultados ficam longe das necessidades do país... mas são também armas para resistir!
Há um contentamento que é próprio dos resistentes. Dos que existem apesar de a maioria os considerar ultrapassados, anacrónicos, extintos. Há um prazer na teimosia; em ser como se é. Para mais, a embirração dos comunistas, comparada com as dos outros partidos, é clássica e imbatível: a pobreza. De Portugal e de metade do mundo, num Portugal e num mundo onde uns poucos têm muito mais do que alguma vez poderiam precisar.
Na Festa do Avante! sente-se a satisfação de chatear. O PCP chateia. Os sindicatos chateiam. A dimensão e o êxito da Festa chateiam. Põem em causa as desculpas correntes da apatia. Do ensimesmamento online, do relativismo ou niilismo ideológico. Chatear é uma forma especialmente eficaz de resistir. Pode ser miudinho – mas, sendo constante, faz a diferença.
Resistir é já vencer.
Deve ser da pandemia, parte 1.
Há 3 anos
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