sexta-feira, 5 de março de 2010

Justo, não só por este exemplo concreto...

Retirado daqui, já que no Público em linha o acesso está condicionado (Pavlov demonstrou à saciedade como funcionam os acessos condicionados...). Miguel Esteves Cardoso, sobre livros e sobre a Leya.

O Ultraje

No PÚBLICO de anteontem, Luís Fernandes, da Universidade do Porto, ironizou sobre a transformação em pasta de papel, pelo grupo Leya, “de dezenas de milhares de livros de Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, Eduardo Lourenço e Vasco Graça Moura, publicados pela ASA”.
Sempre quis comprar um dos livros destruídos: a antologia de poesia e prosa que Eugénio de Andrade fez e a ASA editou, com o nome maravilhoso e verdadeiro deDaqui houve nome Portugal. Era um livro bonito, grande, muito bem impresso e encadernado, sob a chancela da Oiro do Dia. Li-o na biblioteca de universidades inglesas mas, para vergonha minha (como já o tinha lido, num prenúncio dos malefícios da Internet), nunca o comprei; apesar de achar que, sendo caro, era barato para o que era. O papel era bom. A selecção era boa. Era um livro perfeito – e até hoje não o tenho.
Tenho ligações sentimentais ao grupo Leya (por causa d'O Independente) e ainda esta semana recebi uma proposta simpática e tentadora da Dom Quixote, que agora faz parte da Leya. Mas que posso fazer quando uma grande editora, recém-formada e sem qualquer tradição literária, transforma um livro que era caro de mais para eu comprar em pasta de papel? É de vomitar. Não podemos dar dinheiro a quem só pensa em dinheiro. José Saramago – mau escritor mas boa pessoa, na minha miserável opinião – foi enganado. Eugénio de Andrade e Jorge de Sena – um grande poeta e um génio – foram ultrajados.
Desejo sinceramente que a Leya se foda.

3 comentários:

Diogo Vasconcelos disse...

é de apontar para quando algum administrador da Leya for condecorado pelos seus méritos na divulgação da lingua (e um dos visados até nem terá dofoculdade em andar por lá no beberete)

Ana Martins disse...

O MEC é um tipo execrável em muitíssimos aspectos, mas tem alguns valores bem assentes. Este é um deles.

Joaquim E. Oliveira disse...

A este (triste e, desejamos, evitável) propósito, vide o grupo criado no Facebook na sequência da crónica de MEC aqui também reproduzida.

http://www.facebook.com/?ref=logo#!/group.php?v=info&ref=nf&gid=364753641476

Adira e divulgue, pf.
Obrigado
Joaquim Oliveira