Retirado daqui, já que no Público em linha o acesso está condicionado (Pavlov demonstrou à saciedade como funcionam os acessos condicionados...). Miguel Esteves Cardoso, sobre livros e sobre a Leya.
O Ultraje
No PÚBLICO de anteontem, Luís Fernandes, da Universidade do Porto, ironizou sobre a transformação em pasta de papel, pelo grupo Leya, “de dezenas de milhares de livros de Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, Eduardo Lourenço e Vasco Graça Moura, publicados pela ASA”.
Sempre quis comprar um dos livros destruídos: a antologia de poesia e prosa que Eugénio de Andrade fez e a ASA editou, com o nome maravilhoso e verdadeiro deDaqui houve nome Portugal. Era um livro bonito, grande, muito bem impresso e encadernado, sob a chancela da Oiro do Dia. Li-o na biblioteca de universidades inglesas mas, para vergonha minha (como já o tinha lido, num prenúncio dos malefícios da Internet), nunca o comprei; apesar de achar que, sendo caro, era barato para o que era. O papel era bom. A selecção era boa. Era um livro perfeito – e até hoje não o tenho.
Tenho ligações sentimentais ao grupo Leya (por causa d'O Independente) e ainda esta semana recebi uma proposta simpática e tentadora da Dom Quixote, que agora faz parte da Leya. Mas que posso fazer quando uma grande editora, recém-formada e sem qualquer tradição literária, transforma um livro que era caro de mais para eu comprar em pasta de papel? É de vomitar. Não podemos dar dinheiro a quem só pensa em dinheiro. José Saramago – mau escritor mas boa pessoa, na minha miserável opinião – foi enganado. Eugénio de Andrade e Jorge de Sena – um grande poeta e um génio – foram ultrajados.
Desejo sinceramente que a Leya se foda.
Deve ser da pandemia, parte 1.
Há 3 anos
3 comentários:
é de apontar para quando algum administrador da Leya for condecorado pelos seus méritos na divulgação da lingua (e um dos visados até nem terá dofoculdade em andar por lá no beberete)
O MEC é um tipo execrável em muitíssimos aspectos, mas tem alguns valores bem assentes. Este é um deles.
A este (triste e, desejamos, evitável) propósito, vide o grupo criado no Facebook na sequência da crónica de MEC aqui também reproduzida.
http://www.facebook.com/?ref=logo#!/group.php?v=info&ref=nf&gid=364753641476
Adira e divulgue, pf.
Obrigado
Joaquim Oliveira
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